Sobre começar projetos: minha primeira exposição fotográfica
- Débora Gauziski
- 20 de jun. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de ago. de 2021
Eu costumava ser aquele tipo de pessoa que possui uma autocrítica tóxica. Não vou mentir, até hoje eu tenho que lutar contra aquele pensamento chato de que algo que produzi "poderia estar melhor". A habilidade de ser crítico com o próprio trabalho, em geral, é algo positivo. Acho bastante problemático quando o profissional, independentemente de sua área, seja ela artística ou não, acredita que já sabe tudo e não precisa aprender coisas novas, buscar referências ou escutar seus pares. Por outro lado, o excesso de autocrítica pode ser um entrave na sua carreira: se você nunca acha que o resultado está "perfeito", nunca vai tirar suas obras da gaveta. E como diz a letra da música "Cada lugar na sua coisa" de Sérgio Sampaio: "Um livro de poesia na gaveta não adianta nada. Lugar de poesia é na calçada. Lugar de quadro é na exposição. Lugar de música é no rádio" .
Ultimamente, tenho prestado mais atenção no modo como outros profissionais, especialmente os "da imagem", comentam suas próprias obras. É bastante curioso como a grande maioria deles revela que se pudesse refazer determinado trabalho, não faria do jeito como ficou o produto final. Se você se importa com o que faz, é normal que tenha essa sensação, mas isso não pode te impedir de tornar suas produções públicas. O melhor resultado é aquele que você obteve naquele determinado momento, com aqueles recursos específicos.
Após esse momento coach (*risos*), falo da experiência com minha primeira exposição fotográfica. Já tinha vontade de fazer uma exposição há um bom tempo, mas não sabia como começar e deixava a autocrítica me sabotar. Até que eu vi uma chamada de ocupação artística do Forum da Cultura de Juiz de Fora e resolvi montar um projeto do zero. A partir da observação dos meus arquivos, surgiu o #projetoveias, que eu comecei a postar também no Instagram. Resultado: "Veias" foi um dos 13 projetos selecionados para compor a programação da casa em 2019!

"Veias" surgiu de forma totalmente intuitiva: associei fotografias de formas da natureza "venais" a verbetes de dicionário que definissem algum elemento presente nas imagens. Ao observar a imagem em contraponto com sua legenda, se tem diversas percepções das mesmas, já que algumas definições são literais e outras mais poéticas. As fotos foram impressas em papel Hahnemühle de alfa-celulose na dimensão 30 x 45 cm.

A imagem originária da série ("Veias", que ilustra o flyer abaixo) foi produzida em 2015, durante uma saída fotográfica na comunidade Santa Marta, no Rio de Janeiro. Lá no alto, me deparei com o tronco retorcido de uma árvore, que parecia estar morta, mas tinha uma textura e cor muito impressionantes. Parecia mesmo um punhado de veias retorcidas... Era algo triste de se observar, porém, ao mesmo tempo, marcante e poético. Na época, eu não imaginava que aquela árvore daria início a um projeto autoral, anos depois. A série completa pode ser conferida aqui.

"Veias" ficou exposta de 14 a 24 de maio no Forum da Cultura de Juiz de Fora. Em breve, a exposição virá também para o Rio de Janeiro.





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